Por-do-sol no Rio Corrientes, Argentina. Foto: Plínio
Argentina

Pescaria na Argentina: diversão que une pais e filhos

out 22, 2016 Adriana Magalhães
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Bruno - autor do post - e nosso filho Arthur, pescando um surubimMais uma contribuição de peso do Blog. O jornalista (e marido) Bruno Lourenço fez uma fantástica viagem de pesca. Foram cinco amigos levando seus filhos mais velhos de 11 e 12 anos (inclusive o nosso filho, Arthur, que tem 12 anos). Mas a pescaria não poderia ser ali no Lago Paranoá, ou em algum rio aqui no Brasil. Seria muito simples, né? Eles foram pescar na Argentina! Aqui, o Bruno conta em detalhes a parte prática e os momentos divertidos pelos quais passaram nessa pescaria na Argentina. Boa viagem!

 


Em maio de 2016 recebi um convite inusitado: uma viagem de pesca com meu filho mais velho. Meu amigo de décadas, Ricardo Kornelius, o Xis, estava querendo levar o primogênito dele para uma pescaria na Argentina. E ele achou que seria uma boa se outros amigos do filho também fossem. Mesmo que esses amigos e os pais deles nunca tivessem passado perto de um barco de pesca e sequer soubessem diferenciar molinete de carretilha.

E o que era uma viagem com o filho virou uma excursão de 14 pessoas, cinco papais com seus primogênitos com idades entre 11 e 12 anos, o próprio pai do Xis, seu Euclides, o sogro do Xis, Luís Augusto, o sobrinho do Xis, Leandro, de 13 anos, e um amigo de longa data da família Kornelius, o Plínio.

Do grupo, eu e mais dois pais e seus respectivos filhos não tínhamos a menor ideia do que iríamos encontrar. Seria nossa primeira viagem de pescaria. Aliás, um dia, ao zapear na TV a cabo, encontrei um canal só de pesca, o FishTV, e contei, maravilhado, minha descoberta ao Xis. Com desdém ele me falou que aquilo não era nenhuma novidade, e que tinha sido inclusive de onde ele havia tirado a ideia da pescaria na Argentina. Era um mundo novo que começava se apresentar para mim.

Organizando uma viagem de pesca para quem não sabe pescar

Bem, passagens compradas, hotéis reservados, era hora de nós novatos sabermos o que diabos iríamos fazer lá. O Xis nos mandou listas de compras e explicações sobre os peixes da região, encontro dos rios Corrientes com o Paraná, na cidade de Esquina. Tudo grego pra nós, humanos não iniciados na arte da pesca. Compramos o que nos pediram, eles arrumaram os materiais de pesca e estávamos prontos para ir.

Antes da pesca propriamente dita, passamos três maravilhosos dias em Buenos Aires. Mas isso é assunto para outro dia. O foco aqui é peixe no anzol….

Mapa de Buenos Aires a Esquina

Confraternização masculina todas as noites na Pousada MatuteO Ricardo reservou quatro dias na pousada Matute Pesca, na beira do Rio Corrientes, com tudo incluído: café-da-manhã, almoço, jantar, belisquetes (picadas, para os argentinos), vinho, cerveja e sobremesa, além de barcos com 50 litros de combustível por dia, guias e iscas. O preço fica em torno de 200 dólares por dia, por pessoa.

Chegamos em Esquina no início da manhã e por volta das 7 horas estávamos tomando “desayuno”. O Ricardo, Luís Cláudio, Euclides e Plínio montavam os equipamentos numa alegria que me dava até pena de oferecer ajuda. Melhor ficar no café mesmo….

Aqui você pode ver outras opções de pousadas em Esquina, quase todas voltadas para a pesca.

Iniciando a pescaria na Argentina

Depois de comer, conhecemos o David Casciano da Cruz, do “Dicas de Pesqueiro” do programa “Bom de Pesca” e o Beto Chioquetta, do Personal Pesca, que estavam produzindo uma reportagem sobre nossa viagem. Dois pontos chamaram a atenção do pessoal do Bom de Pesca. Uma foi que havia no grupo três gerações pescando juntas: seu Euclides – o avô, Ricardo Xis – o pai; – e Beto e Leandro – os netos. Outro ponto de atenção foi o fato de não terem sido os pais os responsáveis por trazer as crianças pra pescaria no caso dos novatos, mas o contrário.

Três gerações de pescadores sendo entrevistadas Arthur, Beto e Cauê exibindo seu troféu de pesca Pescaria na Argentina - tem que se proteger do sol

Por volta das 9h estávamos todos embarcando em barcos pequenos para pescar na confluência dos rios Corrientes com Paraná. Bem, quase todos, pois o Luís Cláudio, mais conhecido como Abu, não aguentava mais de tanta ansiedade e já tinha partido fazia tempo com o filho, Glauco, em busca do sonhado Dourado. Estava com tanta pressa, aliás, que levou as caixinhas com anzóis, chumbos, encastoados (cabo de aço para evitar que os peixes arrebentem a linha perto do anzol) que ele com tanto carinho tinha preparado para os neófitos da pesca.

Olha só o vídeo dessa viagem, que legal!

 

Dicas para os pescadores novatos

Arthur se protegendo do sol na pescaria na ArgentinaIsso é uma das primeiras coisas a aprender nesse mundo novo da pesca. O povo é maluco, tarado por esse negócio chamado pescaria. Não conseguem relaxar até lançarem os anzóis na água. Os guias, assim que ancoram os barcos e nos ajudam com as iscas, também começam a pescar. Com o Beto Personal, era a mesma coisa. Ele filmava a gente com uma mão e com a outra cuidava da vara de pescar. Um olho no Dourado que se aproximava da isca e outro no entrevistado. O Davi tirava foto, dava dicas para meu filho e ainda estava com a linha na água.

Quando chegávamos na pousada, os outros grupos sempre perguntavam como tinha sido o dia e falavam de seus troféus. E se recolhiam cedo porque o que interessava não era o vinho farto, mas a pesca do dia seguinte. A paixão pode ser até igual nos estádios de futebol; maior sei que não é.

No primeiro dia fui pescar com o Tonk e o Cauê, meu filho foi em outro barco, com o Alexandre. Depois de meia hora andando muito rápido com um barco equipado com um motor de 90HP, passando por canais lindíssimos, nosso barco parou. O piloto, Brian, preparou nossas varas (nem eu nem Tonk fazíamos a menor ideia do que fazer) com iscas vivas. Eu e o Cauê nos olhamos e falamos que aquelas iscas já estavam de ótimo tamanho para uma pesca!!! E o Brian nos ensinou então a manobrar um molinete. Iscas lançadas, estava iniciada oficialmente a pescaria.

E é claro que foi um peixe atrás do outro. Mas para o Cauê, que pescou todos os peixes. O pai dele e eu ficamos só imaginando que seriam quatro longos dias de zoação… mas depois o Cauê nos deixou brincar também. Briguei com um surubim bem grande mas acabei perdendo o anzol. O Brian me explicou que eu deveria ter deixado o peixe fisgado nadando ali em volta, não precisava tentar colocá-lo para dentro do barco logo. “Deixa ele cansar”, me disse. Lição aprendida.

Pescar o dourado

Aí eu e Tonk conseguimos pegar o tal do dourado. Os pescadores gostam porque ele briga, dá saltos belíssimos tentando se livrar do anzol e é bem saboroso. Foi emocionante quando ele enfim foi pro barco sem eu ter estragado tudo. E fiquei bem feliz porque o barqueiro falou que tinha um tamanho bom e iria para o almoço!

Abu e Glauco exibindo seu dourado

Pois é, o almoço com o produto de nosso esforço foi a coisa de que mais gostei. Os barcos iam com 3 a 4 pessoas para lugares diferentes, algumas vezes próximos, outras mais distantes. Mas no almoço todos se encontravam numa ilha. Os barqueiros recolhiam os peixes, acendiam a fogueira, colocavam óleo na panela, armavam os espetos e davam início ao banquete. Em menos de 20 minutos já estava na minha frente a bandeja com peixe fresco muito bem temperado. Vinho, cerveja e dulce de leche fechavam um cardápio perfeito.

Almoçando os peixes pescados de manhã

O resultado da pescaria pronto para virar almoço

Enquanto isso, os 14 meninos da excursão trocavam histórias de quem tinha fisgado o maior, quem ficou sem peixe, por quais os lugares tinha passado, como era o barqueiro, se tinham visto jacaré… Programa muito bacana ao ar livre para se fazer com os amigos e filhos! E com esposas? Hum…. pergunta difícil. Em nossa pousada não havia uma mulher sequer. Mas o Beto Chioquetta, por exemplo, apresenta o programa geralmente com a mulher, Ane, que também curte pescar. Mas ao longo dos quatro dias não vi ninguém do sexo feminino pescando por lá.

A cada dia o trajeto era diferente. E cada barqueiro tinha sua manha, sua predileção por um tipo de pesca. O maior peixe acabou sendo do meu filho Arthur, um dourado de 11 kg. Achei incrível que o Arthur tenha feito tudo sozinho, seguindo apenas as instruções do barqueiro. Acho que contou muito o fato de eu não estar por perto.

meu filho Arthur pescou o maior peixe, de 11kg!!!

O peixão foi pego pelo técnica do “corrico”, na qual o barco reduz a velocidade e o pescador joga uma isca artificial desenhada para simular um peixe nadando. Uma vez que a isca é mordida devemos recolher imediatamente a linha pro anzol não desenganchar.

Pescando piranha no pantanal argentino

Piranha pescada no rio Paraná, na ArgentinaOs peixes me pareceram maiores com essa técnica, mas achei um pouco chato ficar ali esperando.
Eu gostei mais de fazer os arremessos. Com carretilha ou molinete, a gente lança a linha pra longe, às vezes vinha uma piranha ou palometa (prima da piranha) que comia a isca, ou lançávamos errado e aí tínhamos que repetir a operação. Achei mais dinâmico. Se fazendo o corrico pegávamos um ou dois peixes numa manhã, no lançamento o número era bem maior: Arthur pegou 17 no último dia (oito dourados e o resto de piranhas e palometas!)

Foram quatro dias andando por paisagens incríveis entre os rios Paraná e Corrientes. Uma continuação de nosso pantanal, com centenas de espécies de aves, peixes e uma paisagem que se transforma nos períodos de cheia e seca. No final, todos conseguiram pescar não um, mas vários dourados, além de outras espécies, como pintados, piaparas, piracanjuba (salmón del río), piranhas e palometas. Cada barco levava apenas o necessário para comer e devolvia o resto pro rio (é a chamada pesca esportiva).

A vida no meio da natureza

Meu Arthur não gosta de mato nem de tocar nos peixes. Mas ali topou tudo, até subir em árvore e segurar os peixes pra foto. Junto com ele outras cinco crianças curtindo algo profundamente diferente da vida na cidade. Pra mim foi uma experiência inesquecível, estou  até vendo o Fish TV enquanto escrevo este texto e reparando nos dourados e tucunarés que aparecem nos programas.

Meninos morgando na árvore, depois da pescaria

Ao nos despedirmos dos donos da pousada, Matias e Guillermo, ouvi o seu Euclides dizer que pensava que aquela seria a última viagem de pescaria dele, mas que agora ele já estava pensando no próximo ano. “A alegria dos netos e dos filhos enche a alma da gente”, nos confessou o Euclides depois no grupo de whatsapp. Talvez eu tenha dado sorte e ido para um lugar incrível logo na primeira pescaria.

Se fui fisgado por essa atividade? Ainda não sei, mas a verdade é que tenho uma caixinha com anzóis, chumbos e encastoados prontinha para uso e será um desperdício não utilizá-la, não é mesmo?
Ah, antes que me esqueça, agora já sei o que é molinete, carretilha, corrico… se quiser descobrir também, recomendo uma viagem dessas!

Depoimentos

Beto – 11 anos: “A pescaria na Argentina foi bem diferente do que as outras que eu já fui, essa foi minha primeira pesca internacional, foi bem interessante os peixes que eu peguei e nunca tinha pegado: dourado, bagre amarelo…”

Plínio: “Há muito tempo eu não desfrutava de momentos tão maravilhosos em uma pescaria. um grupo excepcional!”

Luís Cláudio Abu:”É melhor um dia ruim de pesca do que um bom dia de trabalho. Não sei quanto aos outros pais, mas eu fiquei numa agonia danada para que o Glauco se divertisse pegando peixes”

João – 11 anos: “Adorei a viagem principalmente porque aproveitei um momento único com meus melhores amigos. Foi tudo muito interessante!”

Euclides: “Ricardo é fascinado por pescaria desde os oito anos, tanto que chegou da Argentina e já seguiu para uma Pescaria na Amazônia”

Leandro – 13 anos: “Foi uma experiência incrível de contato com a natureza,um tempo exclusivo com pessoas que amo, momentos de alegria e euforia a cada fisgada, inesquecíveis e indescritíveis emoções.”

Cauê – 11 anos: “foi muito legal conhecer outro país com meus amigos. Além disso, os peixes e o doce de leite eram sensacionais.”

Glauco – 11 anos: “Eu achei que a viagem foi legal porque foi muito bom pescar com os amigos. Os barqueiros eram muito legais. Achei legal também a primeira vez que eu peguei um dourado e vi como ele é forte e pula.”

Arthur – 12 anos: “Foi legal: viagem de pesca, com melhores amigos e sem o irmão mais novo!”


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