
Vulcão + aerolineas: perrengue total!
Neste post, vários blogueiros se reuniram para contar alguns perrengues por que já passaram em viagens. Quer saber qual foi o meu? Leia abaixo!
NO DIA 4 de junho de 2011, aconteceu o maior desastre natural da região de Bariloche e Villa la Angostura, duas cidades argentinas que são as minhas queridinhas. O vulcão Puyehue, que fica no Chile mas a somente 45 km de Angostura em linha reta, entrou numa enorme erupção. As cinzas e as pedras pomes caíram durante toda a noite e muitos dias seguintes. No dia seguinte, o desespero: 75 cm de cinzas cobriam o Jardim da Patagônia, como Villa La Angostura é conhecida. Bariloche fica um pouco mais distante, mas também foi atingida, em menores proporções. As cidades conviveram vários dias com falta de luz, águas contaminadas, escolas com aulas suspensas, fuga de turistas em plena alta temporada. E uma tentativa de limpar as cinzas que não tinha fim.
Já estávamos com passagens aéreas e hotéis comprados e pagos para passar nosso primeiro inverno na região. Éramos eu, meu marido Bruno e os filhos Arthur e Léo, que tinham 3 e 7 anos na época. Ainda meus sogros, e mais duas famílias amigas, cada uma com dois filhos das idades dos meus. Éramos 16 pessoas. Iríamos chegar no fim de julho. Depois da erupção no início de junho, minha rotina era olhar nos sites chilenos e argentinos a situação do vulcão, se a erupção tinha regredido ou não, se o espaço aéreo tinha sido aberto. Depois de muita indecisão, decidimos arriscar. A maior preocupação era o aeroporto de Bariloche, que passava mais tempo fechado do que aberto, por causa das cinzas.
No aeroporto de Buenos Aires, já estávamos entrando no portão de embarque para Bariloche, quando cancelaram nosso voo. Incrível como as companhias aéreas argentinas não têm nenhum respeito pelos passageiros. Eles não nos levaram para lugar nenhum, todos os passageiros do voo, sem saber o que fazer, discutiam com funcionários ríspidos da Aerolineas Argentinas no meio do saguão. Nenhuma sala especial. Nenhuma sala VIP. Nenhuma cadeira para sentar. Depois de muito implorar, nos deram um ticket pro almoço. Isso porque nosso grupo tinha crianças e idosos, imagina a situação.
Alguns desistiram da viagem e receberam o dinheiro de volta (ou não, sei lá, pelo menos foi essa a promessa).
Mas nós somos brasileiros e não desistimos NUNCA. E decidimos aceitar a proposta indecorosa da Aerolineas de nos levar de ônibus para Bariloche. Sabe aquela cabine do Sílvio Santos? “Você troca uma passagem de avião por 24 horas num ônibus? Siiiiiiiiim”.
E lá fomos nós, encarar 1.600 km de estrada. O ônibus era até confortável, dois andares, mas o motorista ia fumando e nem se abalou com a reclamação da galera. Sabe quando parece que estão fazendo favor? Não tinha comida no ônibus, e nas paradas da estrada, só biscoito. 24 horas de carboidratos.
Para as crianças? Tudo é festa! Nem ligaram para esse perrengue todos que os adultos estavam passando…
O maior perrengue que a Aerolíneas nos proporcionou acabou aí. Mas vou contar como foi encontrar cidades tão turísticas literalmente embaixo de cinzas. Chegando em Bariloche as ruas estavam sujas. Víamos montinhos de cinzas por todo canto. Não dava para encostar em lugar nenhum que sujávamos a roupa. Mas era possível passear, tanto que havia turistas aproveitando normalmente a estação de esqui e as lojinhas do centro, e foi o que fizemos também.
Mas chegar a Villa la Angostura naquele ano do vulcão foi um balde de gelo no meu coração. Eu lacrimejei, chorei e quis voltar na hora para Bariloche assim que comecei a ver as primeiras casas da cidade. Coração desolado ao ver minhas paisagens tão amadas enterradas naquelas cinzas. Muitas árvores no chão. Montanhas de cinzas pelas ruas. Turistas? Praticamente somente nós, os bravos brasileiros que não desistem nunca.
Eles abriram o Cerro Bayo, a estação de esqui, quando estávamos lá. Não havia quase ninguém, o que era bom para nós, um bando de iniciantes, sem precisar atropelar ninguém nem ser atropelados nas pistas. E as crianças? Bom, para elas, tudo é festa!
Com o passar dos dias, comecei a lembrar da beleza que me encantou na cidade. As pessoas são a maior bênção de Villa, e os bravos que continuaram lá me mostraram isso. Conversando com eles, vi que eu também, por todo amor que tenho por Villa, não poderia abandoná-los. E fomos ficando, mesmo tendo que usar máscaras no nariz no dia em que as cinzas caíam com mais força.
Uma parte dessa história está no Guia Essencial de Bariloche e Villa la Angostura, escrito por mim.
Já voltamos a Villa duas vezes depois do vulcão, e fiquei ainda mais encantada com o povo de Villa la Angostura. A cidade se recuperou e ficou mais linda ainda. As cinzas vulcânicas são um adubo maravilhoso e o verde está ainda mais exuberante.
E aí, se amarrou no meu perrengue?
Que tal ver outras histórias de viagens que deram errado de vários blogueiros?
Casal Califórnia – Perrengues de Viagem: muitas histórias para contar
Destinos por onde andei… – Tax Free, nunca mais embarco nessa canoa furada
Pequeno Grande Mundo – O dia em que quase fui atropelada por um elefante
Vida de Estrangeira – Perrengue na Turquia
Ligado em Viagem – Nosso de “Kit Viagem” para evitar perrengues
Foco no Mundo – Os piores perrengues das minhas viagens
Felipe, o pequeno viajante – Coletânea de perrengues do pequeno viajante
Despachadas – Coletânea de Perrengues de viagem Despachadas
Passeiorama – Perrengando por aí: nossos perrengues viajando em família
Família Viagem – Nossos perrengues de viagem
Mochilão Barato – Fiquei doente no exterior! E agora? Os dias que fiquei de cama no Chile.
Por aí com os Pires – Perrengues de viagem – Blogagem coletiva<
Novo Caroneiro – Deu ruim! Blogagem coletiva de perrengues de viagens
Colecionando Ímãs – Viajando com a Ethiopian Airlines: perrengue a caminho do Japão!
O Melhor Mês do Ano – Torres del Paine: acampando sob chuva e ventos de 100km/h
Volto Logo – Sobre a importância de reservar hospedagem e pesquisar os feriados do seu destino
Turista Fulltime – Voo cancelado e os oito passos para driblar o perrengue
Apure Guria! – Perrengues na Ásia: deu ruim!
Viajei Bonito – Nossos 15 dias de desventuras na Rússia
VoupraRoma – Grécia sem inglês! Tá falando grego?
Você gosta do nosso blog? Então lembre-se de nós quando precisar reservar hotel ou alugar carro. Afinal de contas, um blog independente não tem outra fonte de renda. Pra ser mais legal ainda, coloca os links abaixo nos seus favoritos. Compartilhe, divulgue!
Não custa nada pra você é para o blog já é uma grande ajuda! Nós ficamos agradecidos!!!
Booking.com