Lençóis Maranhenses sem multidão? Descubra o paraíso em março
Os Lençóis Maranhenses estavam no meu radar há anos… Todas as fotos, vídeos, relatos que eu via eram um chamado. Consegui ir numa época não muito adequada, considerada baixa temporada: março, quando as lagoas podem não estar ainda bem cheias e chove muito. Mas era o que eu tinha… então me joguei. E deu CERTO DEMAIS!
Eu e minha cunhada Beth – que, aliás, se revelou uma companheira de viagem sensacional _ pegamos um voo pra São Luís, alugamos um carro e partimos rumo a Santo Amaro, uma das portas de entrada dos Lençóis.
Santo Amaro ou Barreirinhas?
Escolhi Santo Amaro porque tudo que eu lia dizia que Santo Amaro era a parte mais bonita e mais fácil de explorar dos Lençóis, melhor que Barreirinhas. Que era só pegar uma excursão e pimba: já estávamos em meio às dunas e lagoas. E não me arrependi nem por um segundo.
A cidade de Santo Amaro é muito simples, diferente do que ouvi falar de Barreirinhas. Não vá esperando restaurantes bacanas, lojinhas charmosas ou um agito noturno. Santo Amaro é roots. Os Lençóis estão ali, coladinhos na cidade. Você sai da pousada e em poucos minutos já está no meio daquele mar de dunas e lagoas.
De carro de São Luís a Santo Amaro
Alugamos um carro no aeroporto de São Luís e seguimos direto pra Santo Amaro. São 238km que fizemos em cerca de 3h30 de viagem. A primeira parte da estrada é boa, duplicada, por uns 80 km. Mas depois… é preciso paciência e atenção.
Nos últimos quilômetros, a estrada que dá acesso a Santo Amaro – que foi asfaltada há pouco mais de quatro anos – já está completamente esburacada. E não são poucos obstáculos. Tem buraco, tem cabra, cavalo, burrico no meio da pista, quebra-molas de todo tamanho e sem nenhuma sinalização. É desvio aqui, freada ali. Mas com calma dá pra ir tranquilo.
Onde se hospedar em Santo Amaro?
Ficamos na Santa Areia, uma pousada nova, super confortável, mas sem frescura. O quarto era ótimo, tudo limpinho, e o atendimento foi um dos pontos altos. Como só estávamos eu e Beth por lá naqueles dias (dizem que na alta temporada fica lotada), o café da manhã era praticamente personalizado. O Mauro, cozinheiro da pousada, mandava muito bem. A gente comia super bem, com calma, sem pressa nenhuma.
Outro ponto positivo: a pousada tem restaurante. Isso foi essencial, porque Santo Amaro não tem muita opção e, depois de um dia todo no sol, às vezes tudo que você quer é tomar banho e comer ali mesmo. Fomos muito bem atendidas e saímos de lá felizes da vida.
Passeio a América
Nosso primeiro passeio foi para a região da América. O moço da empresa nos buscou no hotel e saímos de barquinho às 9h ali mesmo de Santo Amaro – a travessia leva só uns 10 minutinhos. Chegando do outro lado, é só caminhar mais um pouco e… pronto, você já está nas dunas e nas lagoas. Esse passeio fechamos com a SantoamaroCoop, e custou R$ 100 por pessoa.
Como o grupo era pequeno – só eu, Beth e mais dois caras do passeio – o clima era de paz total. As dunas eram só pra gente. E uma curiosidade: as dunas dos Lençóis não esquentam. Pode andar descalço sem medo. Nesse dia, o tempo estava nublado e chegou até a chuviscar um pouco, mas nada que atrapalhasse. Pelo contrário, até deixou o clima mais fresco e a paisagem com um ar mágico. E como tinha chovido, a areia estava um pouco dura e a gente não escorregava a cada passo.
Caminhada de 6km nos Lençóis: Emendadas
À tarde, a gente fez um passeio exclusivo: as Emendadas. Contratamos com a Dureles Viagens, um passeio privado que saiu da nossa pousada em um 4×4. O trajeto é uma aventura por si só: nossa caminhonete atravessou dunas e um riacho complicado (palmas pro motorista experiente!).
Depois de muita paisagem linda, chegamos a um ponto de parada e caminhamos uns 3 km pelas dunas, passando por várias lagoas – não foi puxado, foi mais contemplativo mesmo. E mais uma vez: descalças! A recompensa? A maior duna da região, de onde dá até pra ver o mar! A ideia era ver o pôr do sol, mas o tempo nublado não colaborou. Ainda assim, foi um dos momentos mais especiais da viagem. Quase ninguém por perto, só umas 10 pessoas das duas excursões ao todo. Segundo a guia Alessandra, na alta temporada esse lugar fica lotado, então nos sentimos privilegiadas e agradeci muito por estar ali.
Na volta, o sol já tinha se posto e uma tempestade se armava no horizonte. Ventava bastante, mas seguimos firmes nos 3km até o carro. Por sorte, a chuva só desabou quando já estávamos protegidas dentro do 4×4.
A volta pelas dunas à noite foi uma experiência à parte. Os motoristas realmente merecem respeito: como é que eles sabem onde estão indo? Com lanterna na mão, eles desceram dos carros para achar o caminho certo no riacho que tínhamos atravessado na ida, andando nas águas no escuro até garantir um trajeto seguro. No fim, tudo correu bem, mas dá pra ver que não é qualquer um que encara aquilo.
Cadeira, água gelada e guarda-sol
Um detalhe: em todos os passeios que saem de Santo Amaro, as agências montam uma estrutura na beira das lagoas com cadeiras, guarda-sol e um cooler com várias águas geladinhas. Ponto positivo demais, que gostei muito.
E os motoristas param os carros ali perto, esperando para seguir para a próxima lagoa. Por carros, diga-se umas Toyota Hilux, que dizem que são as únicas potentes para aguentar subir dunas e atravessar lagoas nos Lençóis (e não tem publi aqui hahahaha).
Ah! é proibido beber bebidas alcóolicas nos Lençóis Maranhenses, quando você passa pela fiscalização antes de entrar, eles até revistam os carros. Aliás, para entrar nos Lençóis há uma taxa de 10 reais que valem por 3 dias. Idosos e crianças são isentos.
Passeio de dia inteiro para Betânia
Esse foi o único passeio de dia inteiro que fizemos, também com a SantoAmarocoop. Saímos por volta das 9h da manhã num tour compartilhado com um casal super gente boa de Sorocaba. Visitamos lagoas incríveis, com água morninha e cristalina. E sim, tem uns peixinhos que te mordem de leve – nada demais, só fazem cócegas. Que bênção poder nadar naquelas lagoas formadas pelas águas da chuva.
Realmente, estar nos Lençóis Maranhenses é algo que qualquer explicação ou foto não vai ser suficiente. O cabelo ao vento naquelas dunas, as lagoas, a paisagem, a calma… não consigo nenhuma palavra pra traduzir o que é estar ali.
Depois de curtir bastante as dunas e lagoas, seguimos para um pequeno rio, atravessamos de barquinho e chegamos à comunidade de Betânia. Um charme de lugar, com restaurantes rústicos na beira do rio. Já tínhamos encomendado nosso almoço – pago à parte – e, depois de comer super bem, fomos direto para umas redes numas palhoças sobre o rio. Sabe aquela rede furadinha, bem fresca? Então. Deitada ali, os barquinhos fazendo onda e molhando a gente… foi quase terapêutico. Um momento de puro relaxamento. Deu até pra dar uma cochilada. Tudo na maior paz. Mas fiquei sabendo que na alta temporada, é uma guerra por um lugar na rede kkkkk. Mais um ponto pro mês de março.
Esse tour foi de 140 reais por pessoa.
Último passeio: Andorinhas e o pôr do sol
Na nossa última tarde, escolhemos um passeio privativo para a região das Andorinhas. A ideia era fugir do movimento e garantir tranquilidade para curtir o pôr do sol. Paramos em duas lagoas antes de chegar ao ponto final, onde o visual seria perfeito pro encerramento da viagem.
Mas, sinceramente? A baixa temporada estava tão tranquila que um passeio coletivo teria funcionado perfeitamente. Foi ótimo ter o carro só pra gente, mas no fim das contas, não precisava. A lição: em março, dá pra economizar e ir nos coletivos sem medo. Agora, se você for na alta temporada, aí sim o privativo pode valer a pena – se o orçamento permitir, claro.
Vale a pena visitar os Lençóis Maranhenses em março?
Sim, mil vezes sim. A chuva é incerta, mas pegamos lagoas cheias, paisagens incríveis e pouquíssima gente nos passeios. Foi uma viagem tranquila, cheia de natureza, paz e ótimos momentos.