Rio de Janeiro

Nove problemas do primeiro fim de semana de Olimpíadas

ago 08, 2016 Adriana Magalhães
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Ver as Olimpíadas é sensacional. Um clima de alegria, de determinação, de harmonia entre torcidas. Ver a reação dos atletas longe das câmeras da TV é muito legal. Emocionante até ver outras equipes ganharem medalhas. Mas para chegar até lá, a gente tem que passar por muita coisa.

Ginástica masculina nos Jogos Olímpicos do Rio 2016

A organização está uma porcaria. Vou enumerar os problemas encontrados pro caso de você estar indo ver as Olimpíadas. Eu fui no primeiro fim de semana, vamos torcer que eles aprendam com os erros:

Chegando de BRT Parque Olímpico da Barra1) chegamos de BRT, no terminal, andamos cerca de um km para passar pelo primeiro posto de verificação e entrada. Nesse ponto, tudo tranquilo, uma fila de não mais de 10 minutos. Mas quando entramos, ficamos sabendo que havia outro conjunto de filas, perto do Rio 2 (outra parada de ônibus e onde quem estacionava carro parava). Gente, as pessoas que entraram por lá disseram que a fila era de mais de uma hora, num calor doido! E os voluntários, cadê? Custava eles avisarem para as pessoas buscarem outras entradas mais vazias?

2) Nas lanchonetes nos estádios, NÃO TINHA COMIDA. Pois é, tinha uma placa anunciando cachorro quente, sanduba, hamburguer, pão de queijo, mas simplesmente não tinha nada além de biscoito para comer. No primeiro dia, ficamos por conta das barrinhas de cereal que tínhamos levado e dos picolés que conseguimos comprar. Tudo bem, você pode dizer que lá fora tinha uma praça de alimentação com comida. Gente, as filas eram quilométricas nessa praça, no meio de um sol de 35 graus. Como é que pode alguém pensar em fazer uma praça da alimentação no Rio de Janeiro no meio do sol? Simplesmente, não tivemos coragem de entrar na fila, e ainda perigar não ter comida quando finalmente chegássemos aos caixas.

3) Na arena Olímpica, onde acontecem as apresentações de ginástica, as portas das lanchonetes se fecharam no meio da tarde de domingo. Simplesmente, o estádio que tem 3 andares só tinha lanchonete aberta no primeiro andar. Alguma explicação? Nenhuma.

4) Levamos garrafas vazias de água para encher nos bebedouros de lá. Mas as filas também eram grandes nos bebedouros. Aliás, eles deixavam você entrar com garrafa vazia com tampa, mas quando comprávamos alguma bebida, não deixavam você levar a tampa. Você entendeu a lógica? Nem eu.

5) Cerveja skol a R$ 13, ninguém merece né?

6) Se você comprava ficha numa lanchonete, tinha que pegar as bebidas na mesma lanchonete. Não adiantava tentar numa mais vazia. Eu tinha comprado fichas de cerveja na Arena Olímpica e fui tentar pegar cerveja numa barraquinha lá fora, fiquei só na vontade.

7) No geral, os banheiros que vi eram bons, limpos, com papel higiênico. Mas por exemplo, na Arena Olímpica, alguns estavam fechados, ou seja, mais filas!!!

8) A passarela que leva o terminal do BRT ao Parque Olímpico parece uma coisa improvisada, feita de madeira. Em algum momento, a própria organização estava limitando o número de pessoas ali em cima. Será que estavam com medo de que caísse? Que o engenheiro não tivesse feito o cálculo correto do peso que aquele negócio aguenta? Acho que sim.

9) De um modo geral, o transporte público funcionou bem. Eu comprei o Rio Card, que dá direito ao dia inteiro de transporte para os locais olímpicos, custa R$ 25 por dia por pessoa (inclusive crianças) e compramos assim que desembarcamos no Santos Dumont. Muito fácil. Nos dois dias, pegamos o metrô no Largo do Machado (no Flamengo), fizemos uma baldeação de metrô na estação General Osório (em Ipanema). Nesse local, só quem tinha ingresso para as Olimpíadas tinha direito a viajar, eles faziam a conferência. O metrô era novinho, que foi até a Barra. De lá, pegamos um BRT para o Parque Olímpico. O trajeto todo deu 1h20. No domingo, segundo dia, fizemos em pouco mais de uma hora. Ponto positivo.

Mas na volta do domingo, no terminal do BRT, algumas pessoas MUITO ESPERTAS estavam limitando o número de BRTs em dois por vez. Por que isso? Se tinha espaço destinado a mais ônibus ao mesmo tempo e tinha ônibus disponível? Parece que a galera gosta de ver a cena das pessoas se espremendo para entrar no ônibus. Não dá pra entender. Comecei a reclamar, outras pessoas se juntaram (os meninos disseram que eu fiz uma manifestação kkkk), eu não ia colocar os meninos naquela aglomeração para entrar no ônibus. Daí o cara usou o neurônio que ele tinha e liberou vários ônibus para parar ao mesmo tempo. Parece que o pensamento reinante é: para que facilitar se eu posso chatear um pouco mais essa galera?

A família toda assistindo à Ginástica Feminina, nos Jogos Olímpicos do Rio

Será que esses problemas ameaçam a vontade e a alegria de ver as Olimpíadas ao vivo? Eu acho que sim. Confesso que fiquei com preguiça várias vezes e fiquei feliz no fim do dia, quando eu conseguia chegar em casa. Vou voltar nos outros fins de semana, com o espírito preparado para os perrengues. Mas fica a reflexão: por que temos que obrigar o público a passar por isso? Por que temos que ficar envergonhados diante de milhares de turistas estrangeiros, que não estão acostumados como nós aos jeitinhos brasileiros (que me irritam muito, diga-se de passagem). Passei um dia inteiro vendo ginástica feminina, fiquei muito feliz porque é um esporte que eu adoro, mas ainda acho que os problemas da organização simplesmente tiram muito do brilho do que vi.


Nota: Os anunciantes deste blog não possuem relação com os Jogos Rio 2016 e são patrocinadores exclusivos do Atravessar Fronteiras.

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